terça-feira, 7 de agosto de 2012

uma tarde no parque...


e tinham pipas, e skates, e carrinhos de rolimã, e pipocas doces dessas murchas deliciosas de saquinho vermelho, e salgadas também, e cachorros-quentes, e churros de doce de leite e de chocolate ou mistos, pouco importa, e flores desabrochando-se ao redor, e outras novas surgindo, e muita alegria pois tinham famílias inteiras dessas que se compreendem felizes em demasia, e um jazz suave da década de trinta tocando ao fundo despretensioso, e os técnicos, e os músicos, e os bancos vazios, e um gramado verde reluzente, e as árvores, e as plantas, e as folhas espalhadas em volta, e um parquinho cheio de crianças fingindo-se inocentes na cidade confusa, e os moços de patins, e as moças de bicicleta, e os casais namorando-se escondidos nas sombras com seus piqueniques encantáveis e com suas esteiras coloridas, e muitas lancheiras, e muitos sorrisos, e muitos carinhos, e tinha também os meninos serelepes brincando de pique e as meninas delicadas montando as suas casinhas, era possível avistar, tinham meninos montando casinhas e meninas brincando de pique também, porque somos assim afinal, e os velhinhos soltando pipa, e as velhinhas tomando chimarrão, e mais alguns outros nem tão velhinhos jogando xadrez, dama ou gamão e o mundo invertido, não me recordo bem, e tinha o sol decadente esquentando, e uma lua meio cheia e meio tímida ao fundo, cenário sem igual, e a brisa pairando, e o frio chegando, e o povo esperando um sinal qualquer, e o jovem rapaz cantando para a sua musa a tiracolo, e a sua musa observando-o apaixonada como se nunca, olhos nos olhos porque o amor é assim, bonito, e tinha o lixeiro despercebido em meio ao caos instalado, e os pipoqueiros também, e os carteiros também indo e vindo em meio à cidade esquecida, a cidade que os esqueceu, e tinham senhores, e tinham senhoras, e tinham doutores, e tinham falsos atores, e tinham até pintores, e escritores, e esportistas, e artesãos, e sonhadores, e tinham ricos e pobres ocupando-se do mesmo espaço porque isso também é viver em paz e é a nossa maneira de sobreviver, ou devia ser ao menos, e tinha eu também, por fim, e em mim, e talvez também em paz comigo e consigo ensaiando-me amar e refletindo sobre como talvez pudéssemos estar daqui a pouco deitados na grama de mãos dadas com os pés entrelaçados e olhando ao céu azul sem nuvens e sem compromissos e sem arco-íris ou vírgulas ou raios que nos jogassem em prantos, e sem muita confusão também, ao contrário, em um tempo tipo por agora ou muito em breve, quem sabe, mas já sem muitos intervalos entre hoje e amanhã, ou entre eu e você, ou entre a gente sem mais desencontros, pois ando gostando muito de sentir-te bem pertinho aqui do meu lado quase sempre... não é bom?

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