sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

outro sonho

nesta noite, fui eu quem sonhou contigo. estávamos num show do Caetano, mas o show não era do Caetano. não sei bem qual era a cidade. acho que talvez o Rio, porque a gente adora o Rio, porque a gente ainda vai junto pro Rio. parecia-me a Bethânia, ou alguém muito parecido com a Bethânia?, e a música estava absurdamente alta. muito alta!. a sós, fugimos para comer um creme à beira-mar. estranhamente verde, muito embora delicioso. era tipo de abacate. e eu sempre soube que você não gostava de abacate, e por isso era estranho também ter de tentar compreendê-la, mas a gente meio que se lambuzou muito à tigela encontrada e depois entrou na água. olhava-te aos olhos, nus e belos como a margarida ao terreiro de mãe pela manhã, e você aos meus. a praia estava vazia ao breu da quase madrugada e não havia muitas ondas de modo que os corpos já não estranhos pudessem se tocar lentamente. tocava-me o sexo, tocava-te a alma. ardia-nos a urgência do infalível tato, do inevitável sentido à espreita. pele límpida em desejo vivo. éramos-nos como se jamais pudéssemos ter sido antes. e depois voltamos ao show, encharcados e demasiadamente leves vestidos em branco-neve como a parede do teu quarto, e dessa vez era você quem estava no palco no lugar da Bethânia, bonita, muito bonita, e estava também ao meu lado a dar-me suave as mãos macias a te vermos cantar. havia silêncio à volta, sim, mesmo impossível, e também um grito inerte ao peito que pedia-se livre. não me lembro muito do que veio depois, permita-me em licença, alguns sonhos costumam ter disso. mas sei que consegui entregar-te todas as flores no caminho de volta ao camarim. não eram muitas, talvez vermelhas, mas eram tuas. tuas!. e você nesta hora, como se desviando o olhar um pouco sem jeito em meio à multidão a mirar-se destemida aos meus lábios à espera do beijo que não pôde de ser entregue antes do sonho, bom, você apenas sorriu...

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