algumas coisas podem ser escritas no todo, outras
tantas não. palavras que entalam no peito viram poesia leve. em Verona, a minha
primeira cidade na velha bota, a comunicação é até fácil. mas há
um silêncio enorme e gritante em algum lugar do meu corpo que me pede mais
calmo e sereno do que em outros pontos da caminhada. os cheiros e os sabores me parecem muito familiares, não sei, talvez as cores ou o tempo bom, algo que
faça com que a solidão não me agrida tanto. ao menos não como antes. os lápis e
os papeis que me acompanham todos os dias, aqui parecem ter uma função mais
clara. servem-me a observar atento a cidade pacata acontecendo. há muitos turistas por todos os cantos, em supremacia chinesa, e outros tantos casais em
busca de uma benção qualquer de Julieta, que somente existiu em texto. mas é estranho, muito estranho, porque Julieta parece estar em toda a cidade ao mesmo tempo, nas
varandas floridas, nos cafés tumultuados e nos bancos vazios das praças, sensação que torna encanto o meu silêncio
rompido. os casais apaixonados não me deixam triste, tampouco os sanfoneiros
sorridentes de todas as esquinas ou a mensagem "the taste of love", onipresente nas banquinhas de jornal e nos lambe-lambes vizinhos ao hotel. ao contrário. fazem florescer o que talvez
houvesse de mais bonito até agora e que eu ainda estava por encontrar. um
jeito estranho de ser, mais próprio e menos sagaz, que sustente a ideia de continuar, em qualquer que seja o caminho.
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