Porque escrever é arte, não se confundam.
Sobre mim, como antes anunciei, tenho me alternado entre “posts rápidos de poeminhas bobos e textos densos de sentimentos tolos”. Nunca estive tão mal quanto me revelo nos melancólicos, tampouco exclusivamente bem, inteiro e fortemente armado, como tento me apresentar nos demais. Estou exatamente no meio. Os sentimentos são apenas singelas inspirações, um empurrãozinho para o rascunhar, pois raramente são eles que escolho para postar.
Sobre todos nós, devo apenas sugerir. Nós, vãos escritores, vivemos basicamente de duas coisas: tentar e tentar. Hora, tentamos nos mover pela imaginação. Hora, aumentamos e inventamos para tentar convencer. Mas, repetidamente, tentamos surpreender pelo jeito inusitado, exclusivo ou descolado da escrita. Buscamos aquilo que não está nos gibis, nas revistas e nos best-sellers, aquilo que está oculto, no inconsciente ou no fundo da gaveta, aquilo que nenhum ser-da-escrita antes conseguira alcançar. Alguns apelam para as rimas, outros para citações musicais, contos ou poemas, uns tentam ser simples cópias de autores e desautores raramente lidos. A coincidência é que sempre escrevemos para vocês também, claro. Mas, não se iludam, são meros coadjuvantes e sempre o serão. A nossa busca é por tentar trazer à tona apenas aquilo que nós mesmos queremos, pois somos os nossos próprios leitores, somos a causa e também somos o efeito.
Várias vezes ao dia acessamos o blog para verificar novos comentários, o número de visitas, ou só para darmos uma espiadinha mesmo, daquelas bem escondidas até da nossa sombra. Somos tarados. Desesperamo-nos quando não há nada novo ou quando não vemos nenhum “curtiu” ou “sorriu”. Nesses momentos cruéis, julgamo-nos a farsa, a escória e temos a certeza absoluta de que os holofotes não funcionaram. Não conseguimos lhes enganar e, mesmo postando e insistindo por diversas vezes, não funcionou. Em outros, nos deparamos com despretensiosos comentários, sejam anônimos ou identificados, alguns “adorei” ou “chorei”. Leituras diversas e adversas daquilo que de fato esperávamos, a tentativa de traduzir em palavras aquilo que julgávamos impalpável. Nesses momentos, meus caros, geralmente sorrimos.

Vivemos numa cruel e insistente busca por mensagens insólitas, leituras dúbias, ditos subliminares. Tentamos escancarar aquilo que aparentemente não é e esconder aquilo que com certeza é. Fingimos explicitar as coincidências, jogamos falácias para omitir sentimentos e remetemo-nos a momentos nunca existentes. E nesse eterno jogo de palavras e ideias, sistematicamente temos que fechar com chave-de-ouro. E quando conseguimos encaixar, meus amigos, aí é uma explosão de gozos ininterruptos.
A escrita, na verdade, não tem uma função muito clara. Pelo menos não pra mim. Não é alcançável, não dá para pegar ou tocar, não consigo nomear. Não há conceito coletivo, a escolha é sua. No final das contas, a minha escolha é fazer dela uma ponte entre a realidade e a ficção, entre o sim e o não, entre a melancolia e a diversão. Fico apenas com me aliviar, me acalmar e me encantar. Escondo-me na tristeza, revelo-me na destreza. Porque se escrever é arte, a mim enganar também faz parte.
Já os meus pares, aqueles que chamei de “todos nós”, talvez eu consiga nomear. A esses seres melancólicos, românticos, incompletos, inspirados, desautores, falsos poetas ou pseudo-escritores que, assim como eu toparam se aventurar, dou o nome de loucos.
Ae, ô cachinha dificil de aparecer.
ResponderExcluirEscrever é assim, é se libertar, vomitar o que tá te fazendo mal, expelir um corpo estranho.
Escrever é tudo isso que você escreveu. "Resolvo tudo escrevendo, menos o que me faz escrever."