E a leveza daquele ser insólito sempre esteve dentro dele. Eu já sabia. Ele, coitado, é que nunca soube. Isso nunca passou pela sua cabecinha oca. Andou te dando uma importância que você não merece e eu sempre percebi isso. Você caminhou com ele em grande parte daquela estrada cinzenta, é fato, e eu o acompanhei, e a você também. Muito de perto. Agora é hora de livrá-lo, suplico, muito embora sabendo que vai ser difícil. Vamos libertá-lo. Liberte-o. E eu sei, confesso, deixei-me envolver profundamente nessa história, mas agora não quero mais. Você o fez bem, depois o afundou e depois o puxou de volta. O inspirou, depois inspirou a mim também, demos as mãos, nós três, um carnaval inteirinho você inventou. E a gente, bom, a gente dançou. Você foi cruel, injetou veneno na veia, e mesmo assim ele te quis. E eu também. A gente. Ele pela metade. Eu inteirinha. Gostei, gostamos. Aceitamos, nós dois, todas as suas safadezas e as suas malvadices. Nós gostamos das suas cafonices, eu não vou mentir, não sei da parte dele. Acho que eu muito, ele um pouco menos, ambos tanto. Tanto arder, querer, viver. Tantos tantos e outros tantos.

Você sabe, não é, será parte de mim para sempre, não preciso repetir, eu já te avisei e já me conformei. Mas, não sei se será dele também, acho que só de mim, assim que quero, ele também, ele não te quer, mesmo que insista. Desista. É hora de nos despedirmos, meu bem, eu de você, você dele, ele de mim, a gente da gente, queremos voar, cada um cada qual, você quer fincar, eu quero ficar e, ele, nunca mais voltar. Com a sua licença, com a dele, com a nossa, ou sem nada, ou com tudo, ao mesmo tempo, sem sabermos, à nossa maneira, queremos menos você, e você muito a gente, mas a gente um ao outro, e eu a mim, e ele a ele, e a gente à gente, assim, devargazinho, e você, para sempre, nunca mais.
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