segunda-feira, 26 de novembro de 2012

delicadeza


talvez não quisesse por agora,
você também talvez não.
não esperava, não esperávamos,
não cavávamos desmedidos em meio ao caos anunciado.
histórias, mudanças,
poemas, o novo.
de novo.
existem flores do lado de lá,
talvez existam de cá também.
talvez.
o acaso impávido e suave à porta.
revelação.

sussurrava o vento coincidente.
silenciosos e em química como a receita talvez sugerisse
encontramo-nos neste setembro.
é primavera!
e houve o toque.
e houve a pele.
e houve o impávido e suave acaso batendo à porta.
ouve.
houve o inesperado presente.
instantes.
o inevitável desejo à espreita:
sentido antigo que esvai, sinto.
sentido antigo que esvai, vai...

eu em busca de mim e da leveza impalpável,
ao encontro do meu corpo.
tu em busca de ti e da tua verdadeira face, dos teus verdadeiros gestos,
do teu mais sincero e estúpido gozo.
límpido.
quero-te em pitadas. quero-te limpa. quero-te tua. crua.
queira-me como podes, ou como queres, ou como podes querer-me. nu.
queiramo-nos como pudermos ser: leves.
não há urgência. mas há sinais.
o corpo fala. diz muito.
tem vezes grita.
urra! _________,
sentido vem.
vem...
palavras-tom.
som!

queira-me em silêncio. querer-te-ei assim também.
não me prometa muito, não lhe prometo nada.
não me prometa nada, não lhe prometo a vida.
mas lhe prometo vida.
vida.
apenas venha fresta e olha-me nos olhos, por enquanto.
beije-me o teu beijo vermelho.
a tua boca vermelha, os teus lábios vermelhos.
suja-me todo e sinta-me em teu corpo.
tocar-te-ei sem cócegas então como tocam o céu as andorinhas.
como os mais puros acordes arranham-te as costelas.
tocar-te-ei as entranhas até o gozo mais estúpido e límpido da tua alma.
vivo.
e olhar-te-ei enfim como olham os olhos mais possíveis desse impávido e suave acaso.
livres.

sinta-se no instante. deixe se impor sobre o tempo.
o tempo. o tempo. o tempo.
relógio-tempo.
entrega-me um conto e devolver-te-ei uma carta.
sinta-te em teu corpo e suja-te toda com os teus dedos,
olha-te em teu beijo e beije o teu próprio rosto com as tuas palavras doces,
a tua boca vermelha, os teus lindos lábios vermelhos.
despeça-se viva,
viva!
e toque-se na medida mais estreme da leveza encontrada.
me encontrarás por lá também.
sintamos os sintomas.
sintamos.
sintomas.
uma flor do lado de cá.
uma rosa do lado de lá:
papeis em branco a preencher.
deixe impor-se tácito o tempo no tempo, no tempo, no tempo
relógio-tempo,
e seja como for mesmo no breu do presente:
__________, nova!

escorra-me os teus beijos vermelhos, os teus lábios vermelhos,
a tua boca vermelha, o teu sangue vermelho.
escorra-me toda a delicadeza e a tua verdade impregnadas no teu corpo,
jorra-me!, goza-me!,
goza-me todo!
goza-me todo!
goza-me todo delicadeza!
todo!
delicadeza!
limpa-te e goza-me todo o teu gozo mais estúpido e límpido sem a pressa de termos,
ou sem a pressa de sermos,
ou de tocarmos as nossas entranhas impalpáveis.
aceitemo-nos sem os espinhos do relógio-tempo no que nos há de melhor por agora,
impávidos,
chamemo-nos suave acaso, ao acaso, e sejamos então,
e enfim.
a urgência mata.
mata.
mata.
goza-me inteiro, 
e por agora.
______________!
dois pontos:

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