mudei-me,
mudou-se, mudamos juntos. não somos mais o que éramos há tão pouco antes desse
verão. muito embora impreciso, esse estranho desejo anunciado no
último encontro às cegas na sala antiga de parede vermelha cutuca-me tão belo e
agressivo em algum lugar ainda intocável do corpo vazio que não consigo sequer
me mover. não encontro-o ou não consigo ainda tocá-lo, mas sinto-o com tanta
força. sinto-o tão próximo com muita e tanta
força querendo-me invariavelmente seu e ligeiramente entregue à possibilidade
do reencontro que ouso-me arriscar capaz de aceitar-me mais pulsante e
estupidamente forte à ideia dos delicados e estremes toques até o gozo estúpido
que sequer pudemos nos permitir nesse último encontro.
e onde
vai dar?, se há de haver reencontro?, se daqui a pouco ou no próximo verão?. pouco
importa!, nada importa!, nada ou pouco importa em aceitarmos mesmo
tardia a possibilidade do reencontro a gozarmo-nos a alma intacta para que
possamos enfim sugar-nos das melindras entranhas a urgência desse hoje
impreciso. pois o que fica dessa viagem interrompida, desse conto encontrado em
desejo estranho no corpo vazio, é que os dias viraram-se do avesso a
imaginar-me pintando-te a aquarela nos seios macios com as novas flores e os
novos sabores, e com as novas cores servidas com o gosto límpido das tuas puras verdades
desprendidas da vidraça estilhaçada além de mim. e mesmo que não houvesse
reencontro por agora, e há de haver algum dia?, guardar-te-ei junto ao peito inerte todas as sílabas sequer
pronunciadas e que jamais caberiam-me ao singelo pedaço de papel que dispenso-te hoje junto ao ano que esvai porque amo-te muito mesmo sem saber amar.
passeando por aqui, (re) li esse lindo conto encontrado.
ResponderExcluirpedaços de papel e de amor me transbordam a alma. e essa escrita da vida que a gente faz juntos e me faz te amar e querer te amar ainda mais. diariamente.