terça-feira, 11 de outubro de 2011

O dia em que os meus amigos não saíram de férias...

Hoje, eu acordei com uma tremedeira estranha, latente, com a minha carne trêmula e molestada, a barriga agitada, a cabeça espraiada, não sei direito, é difícil entender, acho que estou me sentindo um pouco mal de novo, mas não é dor de barriga, não é tonteira, tampouco ressaca, talvez seja ele de novo, aquele mal que me assombrava num breve passado, às vezes presente, e que depois parou, e que talvez agora tenha voltado. Não sei. Deve ser mais um dos feitios dessa minha nonstop mind. È, dessa oca desvairada e desguarnecida, ou não, pode ser que não, o dia das crianças está aí, próximo, algumas datas simbólicas de outrora também, não sei direito, é meio assim, esquisito e incerto, por demais angustiante, muito embora intenso.

Eu sempre achei que eu fosse mesmo um pouco estranho, inédito e exclusivo, mas também premeditado, sistemático e abusado, ou não, talvez seja só o meu ego reprimido, ou não, escancarado, sei que hoje eu estou um pouco mais estranho, estou num dia estranho, está todo mundo estranho, tudo muito estranho. E como eu ando me alternando exatamente assim, entre estranhices, esquisitices e rebeldices, vários ices, iças e aquilo, bem achando que isto seja anormal, muito embora corriqueiro, comum e banal, decidi fazer com que hoje seja um dia anormal também, e especialmente hoje, que porventura nasceu cinzento, carregado de nuvens, frio, mas que já esquentou, o sol raiou, depois caiu um pé d’água, acabou a luz, um dia tenso, e eu talvez ainda muito influenciado também pelas recentes noites de insônia, mal dormidas, mal comidas, mal lavadas, assim assado, sozinho e só. Se a montanha não vai a Maomé, ele que vá até ela, que grite, que esperneie, que se encoraje e seja forte, em demasia, e que assim seja.

Mesmo hoje sendo um dia qualquer, em tese, e mesmo que não o fosse, um dia de uma semana qualquer, assim, uma terça inútil e fútil, barulhenta, qualquer coisa parecida, patati-patatá, decidi, eu mesmo e sem remorso algum, com que fosse assim bem diferente dos outros. Decidi que esse dia onze de outubro de dois mil e onze, e talvez os próximos onzes dos outros outubros que vierem, de dois mil e doze, treze, e assim por diante, talvez, e mesmo que simbolicamente, ou que isso seja apenas mais um dos meus devaneios, mais um shot da minha nonstop mind, eu escolhi que esse dia deveria ficar marcado, eu decidi que esse vai ser, daqui pra frente, o dia dos meus mais fieis: os amigos. De todos eles. O dia em que os meus amigos não saíram de férias. Ao contrário do que porventura eu tenha feito no passado, uma lição para o meu outro, o de outrora, ou não, o de agora, ou não, pois não os deixei, ou não, pois não me deixaram, ou não, pois o quiseram, ou não, pois, mesmo de graça, e sabendo que essa graça sairia caro, estamos aí, eles estão todos aqui. Dos meus amigos dos posts, dos alguns que eu escolhi, dos outros alguns que me escolheram, de todos eles, dos que nem sabem que estão nessa roda, assim, bem restrita, por dizer, dos que simplesmente apareceram do nada, de supetão, como a brisa que vem do mar, ou como a descida abrupta da montanha-russa, inesperada, no entanto gostosa, e escolheram ficar.

Hoje é dia daqueles que, mesmo sem saberem, às vezes, me fizeram momentos singelos à luz do dia, e mesmo sem serem muito íntimos, ou sendo também, cada um, cada qual, à sua maneira. Não vou citá-los, não preciso, nem aqueles que eu escolhi, nem os que me escolheram, nem os que apareceram, nem os que ainda surgirão, nem os que não sabem, nem aqueles que por apenas um dia foram, assim, demasiadamente únicos, sinceros e presentes, e nem mesmo os que a vida me cuspiu, assim também, de repente, pois todos sabem muito bem quem são, o que são e a que vieram. Eu gosto de vocês, mesmo que não saibam, e quase nunca em vão.

Mesmo que não sejam muitos, e talvez não encham as duas mãos que eu tenho, quem sabe um pedacinho do pé esquerdo, é, eu tento contar, e vejo apenas poucos, muito embora grandes, onipresentes e imponentes, hoje eu os quero bem e, pra sempre, hoje a mais ninguém. Eu os quero felizes, para brindarmos, eu os quero tristes, para gritarmos, eu os quero inteiros, pois me aguentaram falando só de mim, e da minha história, e só dela, e que provavelmente continuará assim por um tempo, eu que os deixo impotentes nos atos, prepotentes nos fatos, delinquentes nos lastros, eu os também quero vazios, para suportá-los, e eu os quero bem, porque assim a minha vida, enfim, fica bem também. Bem consigo e bem comigo, pois assim me querem o tempo todo, entendo, mesmo quando me dilaceram com verdades necessárias ou quando me acolhem, até a madrugada, chorando até a última gota de lágrima desse lindo mar de rosas, muito embora espinhento, em que me encontram.

E mesmo com todas as folias e as tremedeiras do meu coração, esse menor abandonado, e não vou dizer que não, porque inesperadamente voltou, mesmo com tudo isso, um pouco mais daquilo, um pouco menos disso, o que vale é o que vocês são hoje, e que talvez não tenham sido ontem, ou sim, mesmo sem saberem, e sem sabermos também o que seremos amanhã. Amanhã, bom, amanhã é outro dia, não importa se tu ficas, se eu fico, o que queres, o que podes, o presente, o distante, então que vocês o fiquem por mim, por vós, por nós, pra gente, pra sempre, hoje eu decidi presenteá-los, amigos notáveis e queridos, mesmo que singelamente ou por pura fantasia, e mesmo que despretensiosamente, com rascunhos, e que a gente, e que a dor, e que a magia, e que a folia, e que a flor, e que o amor estejam sempre por perto, e que seja doce, que seja doce, que seja doce, roubando Caio, sete vezes, e assim por diante.

3 comentários:

  1. Éééé Leléu... "que teu afeto me afetou, é fato".
    E faço minhas as suas palavras: "e que a gente, e que a dor, e que a magia, e que a folia, e que a flor, e que o amor estejam sempre por perto, e que seja doce, que seja doce, que seja doce, sete vezes, e assim por diante." Amém!
    Feliz onze de outubro! Beijo!

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  2. Outubro (por Milton Nascimento)

    Tanta gente no meu rumo
    Mas eu sempre vou só
    Nessa terra desse jeito
    Já não sei viver
    Deixo tudo deixo nada
    Só do tempo eu não posso me livrar
    E ele corre para ter meu dia de morrer
    Mas se eu tiro do lamento um novo canto
    Outra vida vai nascer
    Vou achar um novo amor
    Vou morrer só quando for
    A jogar o meu braço no mundo
    Fazer meu outubro de homem
    Matar com amor essa dor
    Vou
    Fazer desse chão minha vida
    Meu peito é que era deserto
    O mundo já era assim
    Tanta gente no meu rumo
    Já não sei viver só
    Foi um dia e é sem jeito
    Que eu vou contar
    Certa moça me falando alegria
    De repente ressurgiu
    Minha história está contada
    Vou me despedir.

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  3. E comemorou bem comemorado esse ano?

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