E
quando eu comecei tudo isso de ser-me sem sentir-me, sem estar pleno, sem
vir-me até mim e tocar as minhas próprias mãos em frente ao espelho do
passado, ou os meus pés inchados do tanto andar ao incerto, muito, eu não imaginava que
poderia ser mais denso e intenso que antes, que quando eu caminhava a pé em Viena,
ou tomava café em Havana, ou jogava-me a quatro mãos de cima do skyline de Nova
York com os amigos de outrora, belos que eram, ah, se eu soubesse! ah, se eu
soubesse!, se eu soubesse que seria dessa forma ardida, difícil, sem substâncias
e inóspita, se eu soubesse que não teria fim, que a curva que me levaria a
Moscou tinha desmoronado, ou que o avião que me levaria até Paris não tinha decolado, ou que o trem iria descarrilhar-se antes que eu pudesse chegar perto da minha maior descoberta, eu, talvez tivesse optado, confesso, contudo, por não entregar-me como o fiz na última
vez em que nos vimos, ou na primeira, ou em todas elas, não lembro bem, acho
que foi no começo, no quase sempre, no quase nada, no quase amor em vão.
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