sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Who´s gonna save my soul?



[numa típica lanchonete americana, sentados um de frente pro outro, ela começa]

- Eu... Eu preciso de espaço... Eu preciso de tempo para descobrir quem eu sou, sabe? Não é você, não é você mesmo. Sou eu. Tipo, eu estou tentando descobrir quem eu sou e não consigo fazer isso se eu estiver tentando te descobrir.

Ele a ouve, mas parece não prestar atenção. Em um gesto indiferente ele se vira para a garçonete que está passando e pede:

- Você poderia me conseguir um outro prato, por favor?

Em silêncio ele pega uma faca e a enfia em seu próprio peito, apoia a faca ensanguentada sobre a mesa, arranca seu coração, o põe no prato e entrega a ela.

- É para você. - ele diz.

Ela continua sem entender o que ele está querendo fazer.

- Você está percebendo que eu estou terminando com você, né?

Ele simplesmente continua a falar:

- É uma coisa estranha... Na verdade, ele é seu agora. Eu não sei porque funciona assim, mas eu nunca vou conseguir te superar. Então de agora em diante, toda garota que eu conhecer vai ser meticulosamente comparada a você, e, infelizmente, nenhuma delas vai chegar a altura da falsa memória do que nós dois "tínhamos".

- Hum, bom... Talvez eu possa ficar com ele um pouco e usar para algumas coisinhas como... Sei lá, se eu estiver tendo um dia muito ruim, se eu precisar de alguém pra conversar ou pra mudar alguma coisa de lugar e então, eventualmente, eu te devolvo quando nós encontrarmos outras pessoas.

Ele pacientemente a responde:

- Infelizmente não vai funcionar desse jeito.

E ela sem entender o pergunta:

- Porque não?

E ele a explica:

- Bem, agora que você tem meu coração, eu sou basicamente uma cavidade vazia por dentro. Na falta de um termo melhor, sem-coração. Eu agora tratarei todas as mulheres que eu conhecer com um comportamento passivo-agressivo, arruinando relacionamento atrás de relacionamento por vários e vários anos.

Há tempos, eu já queria ter colocado esse post. Mas, só hoje achei esse vídeo lindo que um dia recebi de uma amiga. Essa amiga aí conseguiu me ler, me entender e, mesmo me entendendo, me aceita e me adora. Não vou revelar o seu nome, pois nem sei se ela gostaria, mas eu já falei pra ela que a recíproca é verdadeira e que eu a amo.

Um comentário:

  1. beltim, eu acredito que a gente pode até ficar "sem coração" um tempo, mas a 'cavidade' já está lá, prontinha para ser preenchida novamente. porque, se um dia a gente amou e fez ele crescer com o fermento do afeto, não tem mais volta não. já abriu espaço, que nem um bandeirante do amor.

    triste é quem nunca teve coração, quem nunca amou. antes coração (momentaneamente) desocupado que vazio por inteiro.

    e quem disse que sofrer é feio?

    ps. pronto, está declarado publicamente meu infinito bem-querer. (amo essa palavra)

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