sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

E seja o que (D)eus quiser

Costumo escrever deus com minúsculas, é que não lhe dou tanta importância assim, na verdade eu desisti, mas é que hoje foi um dia tão feliz, a semana foi, estou sorrindo bastante - e por enquanto sozinho -, dias esquisitamente bons, leves e novos, agradeço-lhe então com Maiúsculas, estimado deus, e com a vossa licença.

Tudo começou, na verdade, no fim de semana passado. Algumas revelações profissionais, outras pessoais, outras nem tanto cá, nem tanto lá, mais duvidosas do que qualquer outra coisa, sei que me deixaram com uma pulguinha atrás da orelha, uma pitadinha de ansiedade e uma vontade súbita de seguir, de pular e de continuar nessa minha jornada em busca de flores. E é engraçado, porque esses pequenos movimentos, imperceptíveis na maioria das vezes e que acabaram acompanhando-me durante toda a semana, se colocam agora diante de mim como um grande desafio. É meio como se eu tivesse que pegar um balão nesse exato momento, subir nas nuvens e depois pular lá de cima, do lugar mais alto possível e sem paraquedas, mas com uma estranha sensação de que, quando voltar, haverá um lugarzinho pra mim aqui nesse ordinário ambiente em que chamamos de terra, às vezes chato, mas onde teremos de nos aguentar, afinal é onde amamos e onde morreremos, todos juntos, um dia.

E é tudo tão indescritível, tão perto, tão longe, mas tão real. É que a escrita surgiu na minha vida, assim, do nada. E aí veio um, vieram outros, vieram muitos textos, me empolguei, quis continuar arriscando. Pode até ser que dê tudo errado, falei isso mais cedo, mas pode ser também que não, mas ter sensações semelhantes às do dia em que eu dei o primeiro beijo ou às de quando eu ganhei o campeonato mineiro de xadrez – e olha que eu tinha treze e quatorze anos, respectivamente – é inigualável. Gosto muito dessas experiências sensoriais tão difíceis de pegar, de achar, às vezes até de me achar, lá se foram quinze anos, mas hoje estou assim de novo.

É que mais uma vez me pego num desses voos solos e livres em direção ao choro, ao novo, ao nada, ao incerto, em direção a mim, vou revelar-me num livro no ano que vem, ou no outro, não tenho pressa e nem angústia, mas a minha vontade agora é gritar, berrar, botar a boca no trombone, caminhar de charrete, cantar sozinho na rua, dançar, ser o que eu quiser daqui pra frente, caminhar, pular, sorrir, sentir, me sentir, te sentir, me jogar, viver intensamente até que esse dia chegue e seja - com direito a maiúscula e do alto de sua boa vontade - o que Deus quiser.

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