segunda-feira, 26 de março de 2012

Sozinha (2)

O fato é que você precisa sair de onde está, fugir desse lugar que te corrói, se libertar, se renovar, se encontrar. Transcender o lugar comum. Não demore. Quer seja comigo, quer seja contigo, quer seja com outro, com outra, quer seja com todos. Caminhar é preciso, escolha dura, tarefa árdua, estrada longa. Inovar é preciso. E mais. Entregue-se a si, pegue o teu guarda-chuva mais colorido e cante na chuva, aceite-se como te quer, e do jeito que der, como merece, como a si merece, se mereça, se conheça, levante essa aba, mulher. Plane, voe, seja plena, você sabe ser assim, o foi um dia, e sabe também, lá no fundo das tuas entranhas, todos os minuciosos, melindrosos e arriscados passos que deve seguir. E então siga-os, verás o quanto lhe cairão bem. Continue na terapia também, pois faz bem, e vomite tudo aquilo que está aí dentro guardadinho desde quando tudo isso começou lá atrás, anos atrás.

Mas beba também, e coma nos melhores lugares, e trague todos os seus amigos, os melhores, como se fosse o último cigarro, liberte-se no vício, transe, ande nua pela rua, pela praça ou pela praia, divirta-se, embriague-se de si mesma, da tua alma, da tua costela, seja vida por inteiro, seja, seja, seja, e seja doce, inclusive, busque-se em cada ato, é tão bom, embora difícil, e desafiador, mas tão acalentador, você vai ver. E você sabe também, estimo, que as suas atitudes, as suas indecisões e o teu corpo são os teus bens mais preciosos, e isso nem precisa cotar, medir ou gritar, ou que venha alguém só como eu para reafirmar. Simplesmente são. E como. Não vou negar. Então não negue também. Não se negue. Fique sozinha por um tempo, quem sabe, ou fique junta, tanto faz, que seja, mas viaje, se entregue ao trabalho, aceite o amor que está escondido no fundo da bolsa de couro velha, embrenhe-se na dor que porventura ainda lhe restar, cultive flores, mergulhe de cabeça naquilo que lhe convir, que seja agora, porque a hora é agora, não dá mais, e no final, ou no começo, não sei, tudo isso vai lhe fazer tão bem também, e muito, não tenha dúvidas. E se depois dessas andanças ainda houver discrepância, ou ainda lhe sobrar uma pontinha de angústia, mínima que seja, comece tudo de novo, não tem problema, não tenha pressa, faça em dobro, jogue o seu jogo, sinta o seu corpo, ou seja mais leve se menos dilacerante for, mas seja você, ou simplesmente seja, sobretudo, abra logo o zíper deste buraco onde estás incrustada e volte a respirar mulher, menina bonita, bela como és, o mundo te espera.

4 comentários:

  1. querido vc sempre me surpreende. Eh sinto saudade q da vontade de chorar. te amo muito

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  2. Conheço alguém que é cara desse texto! rs...
    Bons conselhos, Leonardo Beltrones!
    Beijo!

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  3. Você lê algo que traduz mais que esperava. Só que esse você não é mais personagem. É vida, é chão. Um chão rarefeito.
    É ciclo.

    E bem que este escrito poderia ter outro título: Menos que mais é pouco.
    Coincidencia ou não, é o título do meu próximo post já agendado!

    =)

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