pois esse choro que surge
assim, do nada, ainda me matará pela segunda vez antes mesmo que eu me pegue sozinho
em uma esquina de um lugar qualquer dessas em que a gente encontra outros eus
se proliferando em grãos e desfazendo-se em matéria. e gastará os meus dias, também,
e a minha energia que outrora estava carregada em duzentos e vinte na tomada
aqui de casa ao lado do meu quadro vermelho preso a muito custo depois da minha primeira morte e que anda meio que fraca por agora tipo pilha dessas que não
são alcalinas. as pequenas notas amassadas de poucos reais que ainda restavam-me
na carteira velha e rasgada esvaíram-se em pacotes desses que se compra em farmácias
homeopáticas e as roupas andam velhas por demais para apresentar-me de uma
maneira suficientemente diferente aos iguais que se aproximam diariamente dessa
minha ausência de mim, enquanto caminho a passos largos em direção ao portal de um nada que
se concretiza em forma de vazio na medida em que insisto em existir.
triste não, se fosse, talvez
fosse, é uma ausência que corrói mesmo, dessas que dilaceram até a melindragem da alma, a
mesma ausência que me fez chorar outro dia, ou outros dias, tantos, a mesma ausência que sinto em mim entranhada, em meu peito, à qual tanto venho encarando para poder desarmar-me das munições pesadas que tenho juntado ao longo dos meus dias, esganado que sou. é
temporada de retroagir, talvez, de entrelaçar-me em meu cobertor sombrio e nos travesseiros de penas do cazaquistão e de
lá não mais sair, constato, ou de não querer sair, pois tenho de me sentir
doído em demasia, e não poderia ser diferente, ao passo em que me entrego ao fato de ter de fazer algo em
meio ao turbilhão de pensamentos desvanecidos que colocam-me em crise nessa questão
de ser que me pegou novamente, e note que o inferno astral já passou, mas
datas simbólicas novamente se aproximam e o melhor a se fazer nesta hora é
partir de novo, como estou prestes a fazer em poucos minutos. porque se
existem certas pessoas que nunca mudam, mesmo tendo-se moldado carcaça
como agora eu me sinto, estranho que sou, hoje eu posso dizer com propriedade
de quem vive ou tenta e deve seguir que eu sou uma delas, ao mesmo passo indiferente, pois uma vez
flamengo, literariamente falando, sempre flamengo, e assim a história se repete, e continua. pra mim já deu.
Sofro de ausências, ausências que me doem e que me fazem transbordar, mas não sei do que transbordo. Será tristeza? Será carência? Será falta de corpos físicos ao meu lado? Só sei que não sei, mas sei que me transbordo!
ResponderExcluirdescubra o lugar da ausência. depois, jogue fora o endereço...
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