sexta-feira, 11 de maio de 2012

o outro lado da felicidade


porque a minha felicidade, hoje, é bem mais complexa do que a que relatei outro dia, que já era complexa por demais, e angustiante, e dilacerante, talvez, mas não tanto como me sinto agora, indiferente, cru, é diferente, estranho, faz-me mórbido e insensato o suficiente para aceitar que não há beijo na boca ou sexo bom que me colocaria em prantos de alegria, ou a sua volta, o seu voltar atrás, e que não há estripulia que não seja covarde o suficiente para mudar-me do que estou agora, onde estou em um lugar sem equilíbrio algum, estático e imóvel, distante e corrompido, e não é por ti, ou por mim, ou por nós, mas por tudo isso que chamamos de conviver em sociedade, às vezes suja que é, ou viver, simplesmente, demasiado difícil, pois mente insana não é a minha, não mais, não agora, já foi outrora e hoje sou um peixe fora d'água, esse é o meu nome, sobrenome ausente, mas a tua, a tua mente que é insana e corrompida simplesmente por pensar que eu poderia ouvir tudo isso de uma maneira tranquila e serena, e que fosse deixar passar sendo um igual, o que não sou, nunca seria, pois tenho buscado um eu novo, sabe?, alguém mais eu, diferente de você e do teu universo maligno, e não o seria jamais sem revelar-te por inteiro, e por agora, o que as minhas entranhas queriam vomitar-te da maneira mais estúpida e límpida, e não pela metade, que pudesse existir. incompreensível é o que sou, é o que estou hoje, é como me sinto, repreendido e deitado no chão do mundo em minha versão mais imunda, e inoperante, e longe de mim, e longe de tudo, e longe de sempre.

6 comentários:

  1. queria eu, poder dizer tudo, tirar o engasgo. É tanta sujeira que não sei mais pra onde ir, pra fugir dela. Mas ainda quero. mesmo que me custe dias de choro e ausência de segurança. O que, nesse momento, nem preenche mais.

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  2. cara, esse é meu estado de quase todos os dias. Mas, apenas um lapso de esperança de dias melhores vem em meio a tanto desanimo. E ele parece mais. Parece mais porque, nesses pequeos lapsos, em pouco espaço de tempo, repenso e sinto no mais profundo; a utopia de pensar que posso fazer as coisas melhores. Assim vou engolindo 40anos. E se hoge passar, acrescentarei mais alguns dias pra minha conta. Morrer demora; e até que se morra, tudo é vida!

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  3. anônimo, lindas palavras!
    quem seria você?

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    1. Sou talvez um frustado como voce, mas com uma "sutil" diferença. Enquanto voce se queixa do que teve e perdeu, eu me queixo do que nunca tive e sei que era e é possivel e que minha covardia para comigo mesmo nao me permitiu nem me permite que eu alcanse meus ojetivos. Minha coragem, minha fé, minha esperança, minhas perspectivas... sao muito intimas minhas e só minhas. E sempre foram! No que parece, as suas estao ficando parecidas com as minhas. E posso garantir, por experiencia propria, que sofrer por nao ter feito algo que era possivel, nao deixa se quer a dureza necessaria, baseada na esperiencia vivida, para que saibamos enfrentar um problema parecido amanha com mais firmeza e senstez. Deixa o tempo fazer o que voce nao soube. Por que eu nem isso tenho a meu favor, porque nao fiz nada! nem certo, nem errado. Isso é ser estático! A expriencia, já é um ponto a seu favor!

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    2. a experiência é necessária, sim. outro dia ouvi uma coisa que ficou muito forte em mim: "só sofre muito, quem viveu muito". eu acho que é por aí. engana-se, contudo, ao comparar as nossas frustrações. não porque elas não seja complementares, ou semelhantes, ou dúbias mesmo que distantes. mas simplesmente porque não são frustrações, e ponto. eu não me arrependo em nada, e acho no fim das contas que devo ter feito tudo certo, sim, e considero-me feliz na medida em que ser feliz é reconhecer-se triste, inclusive. vomitar às vezes faz bem, sabia? uma palavrinha aqui, um grito ali, um surto acolá. faz muito bem. não considere-se frustrado, caro anônimo, considere-se em parte de algo, em parte de um processo, em parte de alguma coisa que ainda não é palpável, que você não consiga pegar, que você não consegue tocar. quem sabe essa não é a sua experiência de momento? descobrir-se, encarar-se, entender-se nesse mundo tão sujo e cruel em que vivemos, muito embora lindo e intenso na medida em que cada dia esvai-se junto com pitadinhas de nossas angústias, de nossas frustrações, de nossas experiências. amanhã será um outro dia, sim, e depois também, e depois também, e o tempo não para. a gente é que às vezes faz parar e fica apegado nessa coisa de não querermos reagir, suportar, seguir, essa coisa toda à toa de termos medo de viver.

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  4. Comentei outros textos seus. Mas esse em particular, foi para atingir uns objetivos. Acho que consegui. Queria ter certeza que ele estava baseado em pequenos momentos de sua vida; queria ter certeza que meu estado, nao é exclusividade minha; mas que em mim ele é sempre mais extenso e intenso; queria ter o prazer de saber que alguém podia falar abertamente comigo a despeito de coisas tao introspectas. Eu vomito. Eu vomitei nesses dias, nesses pequenos textos. Pra ser sincero, eu forcei esse vomito. Pus o dedo na garganta; pus o dedo na própria ferida. Chorei esses dias. Mas assim como voce, suponho, também sorri. Sorri por fora e por dentro. Por fora de alegria, como normalmente se sorri; por dentro, de satifaçao, por saber que mesmo com minhas frustraçoes, eu posso dizer algo positivo,sincero e verdadeiro para as pessoas e por saber que exite pessoas como voce que estao atentas as coisas intrisecas em nós, e paticularmente em mim, quando a maioria fingem nao ver, mas sempre carregam para suas camas, um sono como o desse palhaço que voce pos na foto: necessitante de ser velado. Nao para lamentar o seu fim, como na morte; mas para quando acordar, nao perder a oportunidade de perguntar, sem deixar que ele tenha tempo de se recompor, a pergunta sincera e preocupada: O QUE HOUVE COM VOCE, MEU JOVEM?
    Obrigado, por ouvir meu grito calado, contido! E nao se preocupa muito, esse meu desepero só dura até acabar. E tudo acaba!

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