domingo, 12 de fevereiro de 2012

Ser jovem (ou o protagonismo juvenil)

Porque jovem é tudo. E ser jovem é querer tudo, sobretudo, ao mesmo tempo, não sobra nada. É se jogar brutalmente do mais alto andar do mais alto prédio sem se preocupar com a queda ou com o que o espera no fim. Seja morte, seja vida, é simplesmente não se preocupar, e é simples assim, mesmo, deixar pra lá. É ser intenso e inteiro, nunca pela metade. É ser ligeiro, sóbrio, denso, e sem mediocridade. É viajar sozinho sem fazer reservas, e sem estepes, ou sem lembranças, é simplesmente pensar em ir, e ir, e com meia dúzia de meias e um cantil, e sem filtro solar ou repelentes também, porque o jovem que é jovem não está nem aí. 

Ser jovem é ser livre, ser leve, ser próprio, ser inteirinho seu, de mais ninguém, é ser o avesso da cena, é ser de esquerda mesmo quando a direita valha a pena, é ser um pecado, é ser um bucado, é ser exaltado. Um descarado, um descolado, escancarado. Nem sempre bem amado, é verdade, ou mal também, mas de que importa se o mais doce da vida é querer pular de paraquedas, e pular; ser do lado de lá do Equador, e enfrentar; é escrever cartas inteiras de amor, e não enviar; é pular carnaval, e se esbaldar; é sofrer, e não temer; é não ter medo do pastor, ou do doutor, e mesmo assim ficar a tarde toda assistindo tevê sem saber o que espera o amanhã, ou o que o espera, amanhã ou hoje, talvez, e dar desculpas esfarradas para o chefe e simplesmente sumir, sem ter aonde ir, e sem limpar a casa, o chão, as louças, as roupas, as manchas, pois tudo isso pouco importa mesmo. O bom mesmo é esquecer-se de si e de repente ir. Bye. Porque jovem é maldito também, às vezes. Mal dito sempre. Ou quase. É meio sem mudanças, é um embriagar-se da sua própria alma, ou na sua própria alma, desde que constante. É decidir-se por si próprio. E é. Porque jovem que é jovem pode tudo.

Jovem não quer saber de outros jovens, só dos jovens dele mesmo, nele mesmo, os vários jovens nele. Mesmo. Os seus melhores. Ser jovem é não ser premeditado, mas que, quando necessário, fica dias sem dormir. E até medita para que possa, enfim, romper. Seguir. Ser jovem é ser leal, intacto, brutal e letal. É desmaiar às seis e levantar às quatro, ou o contrário também. Ser jovem é não planejar. É não esgotar-se. Jamais. Esgotabilidade sem fim. E é simples, não custa nada. É não se preocupar com dinheiro, porque custa só aos outros, aos velhos, aos podres, aos padres, às madres. É não enferrujar, é aprender minuciosamente como dar o primeiro trago, o primeiro vício, o primeiro gole, o primeiro trampo, o primeiro trapo, o primeiro toque, o primeiro beijo. Desejo. Jovem é desejo. E como. É errar o vestibular por querer, é dormir na casa do vizinho, é fugir com a namorada, matar aula, é meter-se em mil enrascadas e depois ir em cana, e depois seguir, rir, sorrir, e nada mais, porque o bonito da vida é ser assim: jogar-se, entregar-se, desarmar-se, penetrar-se, desnudar-se. Porque jovem é vida. É vida. E ponto final.

Jovem não tem motivo para ficar ou partir. Elasticidade, comodidade, complexidade, intensidade, jovialidade. Coisas da idade. Jovem é pura contradição, descontinuidade, desconstrução, descontração, é contra-mão. Libertinagem. Assim, assim. É ser genuíno, sempre. Sente as perdas, sofre, mas segue, porque a vida segue, sempre, avante, adiante, é longa, e porque não bela, linda, minha, e as suas angústias revezam-se entra a imensidão do mar e o buraco das formigas. Como são as minhas. Às vezes boas, às vezes grandes, às vezes ruins, às vezes nunca. Mas é diversão pura e gratuita. E descontida também. Porque o jovem que é jovem não come, devora; não bebe, entorna; não dorme, cochila; não sai, dá rolê; não copia, nem cola. Inventa. Sacode, estarrece, estremece. Enlouquece. E é assim, porque é o máximo que ele pode, é o máximo que ele pode querer. Ser. Gozar. E o jovem é. E o jovem goza. Porque para o jovem que é um jovem, de fato, não basta atingir os limites, tem que transcendê-los. É vento. Porque o jovem que é jovem sabe viver. Porque o jovem que é jovem sabe morrer. Mas o jovem que é jovem, sobretudo, não simplesmente vive, ou morre, protagoniza.

---


Como o fiz no dia de ontem, quando nem bem tinha começado o carnaval...

Veja o antes...                                                      e o depois:


Protagonizem, jovens! 
Carnavaliza beagá!!! 
;)

4 comentários:

  1. Ser jovem é um grande desafio..ser jovem não é para qualquer um.

    ResponderExcluir
  2. Ser jovem é acordar com o joelho e o nariz ralados, é ter uma dorzinha que não me lembro bem onde arrumei. É ir para um hospital para arrumar o que nem sei se e quando quebrei.

    OU ISSO É SER BEBUM?????/

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

    Abraço fi. Vou te carregar comigo. Vc vai dentro do carrinho.

    André Mitre

    ResponderExcluir
  3. ô bunitim!
    carnavalizou com força, hein?
    agora, fica tranquilo aí e se recupere logo!
    beijoletas!

    ResponderExcluir