quarta-feira, 6 de julho de 2011

Timidez

Às vezes, tenho absoluta convicção de que sou tímido.
É, sou tímido.
Afinal, a timidez não está simplesmente no fato de ser inibido.

Crio blog, falo em público, dou aula.
Me declaro, mas sou tímido. E que mal há nisso?
A timidez está em tudo. Nos gestos, nos atos e até na falta deles.

É. Sou chefe, coordeno, sou amigo e até inimigo.
Mas me calo.
E se quem cala consente, minha palavra é o silêncio.

Às vezes, até a mesa de bar me trava.
Uma reunião me cala, um comentário indigesto.
Flagra.

Dos tímidos, talvez não seja o mais intenso.
Disfarço bem. Garanto.
Mas que existe uma timidez oculta e aguçada dentro de mim e que às vezes aflora...
Ah, isso existe!

Se estou feliz, quero gritar.
Se está legal, quero falar.
Se estou na boa, quero amar.
Se estou por cima, faço calar.
Se estou voraz, tanto faz.
Se estou amigo, pego a mão.
Se estou bem, sei dizer não.

Mas, a timidez me cala.
E aí, fico na vala.

Meus sentimentos, às vezes invento.
Meu posicionamento, às vezes é vento.
Se precisar, até aumento.

Faço rimas pra chamar a atenção.
Sou poeta? Não, só canastrão!
Não tenho dúvidas que quase nunca é em vão.
Óbvio que não.
Mas minha fala disfarçada e esse jeito despojado... sei não.

Faço pose de bacana. Mas um dia, vou em cana.
Falso tímido, não sou. Desenvolto, também não.

Umas vezes desalmado, em outras descolado.
Ser tímido faz bem, não disfarço pra ninguém.
Sou um ser transfigurado e revoltado.
É, tá bem.

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