sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ser sabático

Porque, na vida, eu nasci chorando, cresci sorrindo, amadureci aos trancos e barrancos, e também aos prantos, envelhecerei às gargalhadas e educarei nos papos. Não tenho a menor ideia de como e em quais circunstâncias eu morrerei. Nem eu, nem você, nem o seu cachorro e nem a sua tia gorda. Semelhantemente diferente, eu não me considero um igual. Jamais. Porque nessa minha vida assim, incansável, nada é tão seguro quanto a minha própria instabilidade, nada é tão precioso quanto as minhas falácias, nada é tão injusto como as minhas verdades. Nada, na minha e na dos outros, é tão cruel como nunca se apaixonar ou sofrer de amor, principalmente depois de certa idade. A minha incerteza é chama acesa que nunca irá se apagar, a minha destreza está justamente em caminhar sem quase – e só quase - nunca olhar para trás. Porque algumas piscadelas para o passado, claro, são danadas de necessárias. A minha malvadeza é ser leal, especialmente aos meus pares, a minha cafonice está justamente no meu romantismo, e as minhas esquisitices e as minhas palavras, a mim, são brutalmente letais. Sou diferente, já falei. Porque nessa minha vida, assim, irreparável, e só minha, se eu chorei, se eu sorri ou se eu menti, e eu fiz de tudo isso um pouco e outras coisas que agora não posso dizer, é fato, não sei ao certo como e se um dia partirei. Sei que preciso descansar. E é agora. E se o sabático é realmente o tempo que dedicamos para fazer algo adiado com frequência, seja ler, estudar, viajar ou simplesmente dedicar mais tempo à família, porque eu nunca vi ninguém conseguir algo assim, só nos filmes e nos livros, então que eu consiga, que eu seja sabático em mim, a mim, para sempre. Assim o silêncio, que tanto busco, enfim selará a minha paz.

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