quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Misturinha infalível

É que no carnaval eu voltei a sorrir. E você sabe porque. Será que vai topar? Eu topo. E já aviso de antemão. Ainda é um sorriso tímido, escondido, mas o fato é que essa misturinha ainda vai me matar. Infalível. Modificou-me a danada. E olha que há pouco eu ainda estava lá bem quietinho num vôo solo, clamando por fugir da dor. Parece-me que os dias foram contados e, como se fosse um prazo expirando-se minuciosamente, foram separados por conta-gotas. Foi-se. Acabou-se. E você, agora, apareceu. E é engraçado ter surgido assim, do nada, nessa hora, as semelhanças são muitas, talvez os mesmos amigos, os mesmos programas, os mesmos lugares, ah!, e eu também gosto de água com gás. Não foi completo, na verdade ainda nem foi, nem sei se será, é um nada ainda, um tipo quase, ninguém aqui está apaixonado nem nada, coisa e tal, assim como você eu também sou difícil, também estou comigo, em mim, pra mim – não é bom? -, mas o fato é que essa misturinha do carnaval mexeu comigo. E eu aceitei. A carapuça serviu. Serviram-me também as minhas investidas. E há de continuar mexendo comigo essa danada? Sei não. Por que não? Vou tentar. Afinal, agora o desafio está colocado frente a frente com os meus dias, com os teus, com os nossos.

O fato é que me arrancou um sorriso maroto – e não no peixoto, foi antes -, na verdade alguns, e colocou-me em sinergia com tudo aquilo que chamamos de folia. Joguei-me, transbordei-me em alegria, quase gripei, mas acreditei que é possível. Ontem eu dancei sozinho até o sol raiar. Uma festa em mim. E agora aceitei que devia me declarar, como estou agora a fazer. Costumam me dizer que às vezes acelero os passos, não seguro as rédeas, solto palavrinhas fora de hora, fora de ordem, umas sujas, outras lindas, agora algumas também para você, outras para mim, muitas para ninguém. Às vezes sem voz, é verdade, mas o que seria de mim, esse ser carregado de sensibilidade, se eu não seguisse à risca aquilo que as minhas entranhas me ordenam? Cutucaram-me, arranharam-me. Chacoalharam-me essas danadas. Fui lá e fiz. Bem de leve, é verdade, e espero que não saia caro. Mas se sair, se essa estrada for um pouco mais longa do que o que eu espero, o importante é que tu agora sabes daquilo que começou a se passar aqui desde a primeira vez que te vi sorridente e saltitante. Bela. Muito. E como és gentil também. Muito. 

O fato é que eu te quis, quero, quero que você me queira, e esse desejo agora reside em minhas veias. Vou lutar, como você sugeriu. Mas não vai ser uma disputa de facas, espadas ou armas de fogo, será uma singela batalha para transcendermos aquilo que ainda não nos é comum. Sei que quando nos conhecemos estávamos mascarados, ambos, ainda era carnaval, então “deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar”, deixa a vida acalmar-se e as horas passarem. Eu quero reencontro. E não se assuste, nem nada, pois por enquanto eu quero só esse primeiro passo. Eu quero o teu beijo. Quero experimentar essa coisa toda de sentir-nos, embriagar-me de mim, e você de você, e a gente da gente, na gente, porque assim é que é bonito. Vamos ver no que é que dá. E o resto, bom, o resto a gente deixa para depois. 

2 comentários:

  1. Vou usar uma música cantada pela linda da Roberta Sá para me expressar...

    "A luz apaga porque já raiou o dia
    E a fantasia vai voltar pro barracão
    Outra ilusão desaparece quarta-feira
    Queira ou não queira terminou o carnaval.

    Mas não faz mal, não é o fim da batucada
    E a madrugada vem trazer meu novo amor
    Bate o tambor, chora a cuíca e o pandeiro
    Come o couro no terreiro porque o choro começou.

    A gente ri
    A gente chora
    E joga fora o que passou
    A gente ri
    A gente chora
    E comemora o novo amor."

    Aê Leozinho! :o)

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  2. Nem tão ao céu, nem tão ao mar, mas a vida tem sempre razão...
    Amo o meu poetinha.
    ;)

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