sexta-feira, 1 de julho de 2011

Belo Horizonte, cidade meio

Infelizmente, mais do que nunca BH caracteriza-se como uma cidade "meio". Não é charmosa como as pequeninas do interior, nem cosmopolita como as grandes (e próximas) RJ e SP.

Eu tenho medo... Afinal, vivi meus primeiros 17 anos em Varginha e um dos fatores que me motivou a mudar foi justamente esse: a tentativa de poder mais. Lá não podíamos butecar nas calçadas, todas as tentativas de carnaval de rua foram proibidas (tanto micaretas, que particularmente não gosto, quanto de marchinhas). Shows? Só no Parque de Exposições, bem longe da cidade, que é para “não incomodar o povo”.

Mas, cá entre nós, qual povo?!

E, impressionantemente, sinto que BH cada vez mais se aproxima de Varginha (claro, com as devidas proporções). Apesar de diversas potencialidades (e nem preciso citar aqui os museus, as manifestações da sociedade civil, as praças, os festivais, os butecos, as comidas, a efervescente produção que aqui se apresenta), daqui a pouco não terá o charme das pequenas e nem a agitação das grandes. Essa câmara aí quer me proibir de beber no copo, quer me proibir de ir em shows à noite, quer me proibir de mais um tanto de coisa. E é assim mesmo. Dá trabalho? Proíbe. Chama atenção? Proíbe. A prefeitura até tenta, vem aí a revitalização da savassi, da região da praça da estação, do parque municipal, as ciclovias, mas com muito (mas muito) quezinho ainda de falta. E se continuar assim não dá.

Ficaremos exatamente no meio. E meio é equilíbrio demais, é vida de menos.

Manifestação pra lá de legítima, o Carnaval de Rua desse ano – puxado pela sensacional praia da estação – foi maravilhoso, um grande marco. Vivi, bebi, pulei, entusiasmei, gozei. As marchas – que também participei – os movimentos dos jovens, as discussões e as propostas (com falta de respostas, é fato) também vêm numa crescente invejável e é de ficar com esperança.

Afinal, a cidade é do povo e a sua apropriação não é só de direito, mas necessária.

Eu quero festivais no parque, quero tomar sol na praça, quero beber no copo, quero andar de bicicleta na rua, quero pular carnaval na savassi e em santa tereza, quero ir à feira hippie e quero também o apoio da prefeitura. Eu quero segurança, infraestrutura e legitimação.

Aliás, às vezes nem quero tudo isso, mas apenas a certeza de que posso querer.




Chuta a família mineira!!!

2 comentários:

  1. Leitura de cima para baixo: oscilações entre o clima melancólico de fim de tarde de domingo e empolgantes manhãs ensolaradas de sábado. ;)

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  2. sabe que não tinha pensando por aí?

    sempre bom ver as coisas por outro ângulo, se assim permite!

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