quinta-feira, 14 de julho de 2011

(in) consciência

Ele queria ser grande e maduro, sem pensar no futuro.
Queria um mundo mais divertido e colorido.
Que todas as semanas tivessem dois sábados.
Que estivesse perto do mar, para se renovar.
E que não fumasse, mas mesmo assim planasse.

Ele queria tocar as nuvens e viajar de balão.
Poder andar sozinho, com os pés no chão.
Queria ser uma pulga, sem que tivesse uma ruga.
Que gentileza fosse pura e gratuita.
E o seu coração, da dimensão de uma gruta.

Ele queria mais flerte, mais beijo e paixão.
E que as trocas de olhares nunca fossem em vão.
Ele queria pra si o universo inteiro.
Não que seja egoísta, só lhe faltava roteiro.

O mundo está à sua frente, mas não consegue mexer.
Quem dera o poder do tempo, ele pudesse ter.
Queria se embebedar, enlouquecer e correr.
Ele queria calar, enrijecer e crescer.

Ele queria um vaso, para as ideias plantar.
Queria também um lápis, para poder escrever.
Porque quanto mais ele se rende, mais escreve.
Quanto mais escreve, mais quer.
Quanto mais consegue, mais se entrega.
E quanto mais se entrega, mais relega.
 
Ele queria estar no meio da rua, para gritar.
Ou apenas na chuva, para molhar.
Ele queria asas, para voar. 
Também queria uma faca, para se tatuar.
Depois tomar um bom porre, para cicatrizar.
E aí então um bom balde, para si vomitar.

Ele queria uma cama, para se deitar.
E o ar puro do mato, para respirar.
Ele queria esperança, para acreditar.
Que era apenas um sonho.
Para acordar.

2 comentários:

  1. já tinha lido. adorei. aos poucos, eu e o mundo faremos as pazes. mas acho que, a mim, ele sempre será um estranho. beijos

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  2. "Certa manhã, acordei de sonhos intranquilos".

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