sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tudo junto e misturado, é um processo.

Hoje eu acordei empolgado para escrever, pelo passado que brutalmente veio à tona, por tantas e tantas outras novidades ao mesmo tempo, a inspiração que vinha do nada no meio da tarde, mas aí segundos antes, e antes mesmo que eu abrisse o rascunho, acabei entrando em um outro blog, de uma amiga, e saí um pouco mais reflexivo do que empolgado, confesso. Sem poesias por hoje, eu fui à lona.

O texto não é nada triste, é lindo e simples, mas sei lá, entrei nessa vida da escrita há tão pouco – muito embora já esteja querendo arriscar-me num livro de gente grande, é verdade -, e a cada dia que passa me surpreendo com pequenos detalhes. Hoje, o que me surpreendeu foi a semelhança do processo dela com o meu. Escritas semelhantes, coincidências, verdades malditas, mal ditas, todas essas interconexões moleculares e as diversas formas que usamos para falar constantemente – mas nem sempre - das mesmas coisas, sei lá, de dois ou três sentimentos, talvez uma meia dúzia.

E como somos criativos, divertidos e diversificados. Não só eu e ela, a minha amiga do outro blog, mas você e todos os outros milhares (ou milhões? ou bilhões? ou todos nós?) que também se arriscam na escrita por aí. Eu não minto, é intrigante. Tem uns que são barangos, é verdade, outro dia no escritório mesmo eu me deparei com uma frase daquelas do tipo de autoajuda pregada na porta da cozinha, na porta do banheiro, em todos os lugares, ela me perseguia, sabe, era uma coisa trash do tipo “autor desconhecido”, arghh. Mas esses são as exceções, pois a maioria, no final das contas, acaba sendo legal. A gente se vê nos outros, os outros se veem na gente, é uma salada mista e uma montanha, literariamente falando, russa.

E talvez não haja nada de novo nisso, talvez nem a minha escrita seja, é um processo muito parecido em qualquer lugar, com qualquer um, somos todos meio que iguais, mesmo sendo diferentes. Mas mesmo assim decidi confessar algo bem íntimo, afinal estou me vendo nos outros cada vez mais e isso me estranha. Mas me excita também. Estou começando a decifrar-me e decifrar a similaridade dos meus textos com os seus, com os da minha amiga do outro blog, com os de todos os outros, acho que também já ouvi isso antes, e não estou nem falando da escrita, da estética, das artimanhas ou da maneira. Nada disso. Estou falando do processo. Esse mesmo processo que nos levou a vomitar, a levantar, a acalmar, a inspirar e a tantos outros verbos terminados em ar que aqui poderia citar. É um processo longo que se chama tempo e vai tomando forma de pouco em pouco, de gota em gota, é o novo que vai se materializando, tudo vai passando lentamente, como o café que a vovó fazia no filtro de pano, é o transbordar em forma de arte e é o entregar-se ao mundo em forma de palavras. É revelar-se de uma forma do tipo “me empresta o seu peito, porque a dor não tá cabendo só no meu”.

Mais uma vez o texto do blog dessa minha amiga me pegou. Mesmo sós ou acompanhados, todos nós, cada um cada qual, eu, você, ela e todos os outros, concordamos em seguir em frente. Temos que. Queremos, é evidente, sinto-me par de todos eles nesta empreitada. Tu daí, eu daqui, ela de lá e outros tantos e tantos em outros tantos e tantos lugares do mundo armando estratégias minuciosas, se munindo de ferramentas, de armas, de palavras e de coragem para um dia, simultaneamente, quem sabe, atravessarmos a ponte.

E se tudo der certo, e vai dar, eu vou de carro, você de espaçonave, ela vai de bicicleta, o betão vai de kombi, liga pro marquinhos que ele dá carona, ele tem uma van, a antônia vai de avião, o jones de caiaque, o cirilo vai de perna de pau, o mequinha de charrete, a marthinha vai à pé, nós vamos, vamos todos juntos, formaremos um exército ou uma trupe, mesmo separados, sei lá, do tipo tropa de elite, o rumo é o mesmo e quem sabe à noite, talvez, a gente não se encontre por lá?

A minha amiga de escrita é a Ludmila Azevedo e o texto que eu falei é esse aí ó... Ludj: All by myself

Um comentário:

  1. Leo, você é das pessoas mais gentis e sensíveis que conheço. Adoro sua escrita e nossas interseções. É como se trocássemos cartas, essa coisa meio Fernando, Clarice, Caio e Rilke. Esse gostinho ao menos. Aqui é só um "selo" virtual e um carimbo de muito obrigada. Ainda me faltam palavras diante do seu carinho. :)

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